Título original: The Disreputable History of Frankie Landau-Banks
Autor: E. Lockhart
Editora: Seguinte
Número de páginas: 344
Classificação: 3/5
Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era uma garota comum, um pouco nerd, que frequentava a Alabaster, uma escola tradicional e altamente competitiva. Mas tudo muda durante as férias. Na volta às aulas para o segundo ano, o corpo de Frankie havia se desenvolvido, e ela havia adquirido muito mais atitude. Logo ela chama a atenção de Matthew Livingston, o cara mais popular do colégio, que se torna seu novo namorado e a apresenta ao seu círculo de amigos do último ano. Então Frankie descobre que Matthew faz parte de uma lendária sociedade secreta - a Leal Ordem dos Bassês -, que organiza traquinagens pela escola e não permite que garotas se juntem ao grupo. Mas Frankie não aceitará um "não" como resposta. Esperta, inteligente e calculista, ela dará um jeito de manipular a Leal Ordem e levantará questionamentos sobre gênero e poder, indivíduos e instituições. E ainda tentará descobrir se é possível se apaixonar sem perder a si mesma.
Li uma resenha desse livro no
blog da Carol e me apaixonei, de verdade, tive um daqueles momentos em que nos apaixonamos por algo que nem conhecemos ou nunca vimos, sabe? Foi paixão à primeira vista com a resenha e com o livro, mas quando finalmente o time em mãos, mais de 6 meses depois (super promoção na Bienal, 15 reais, quase chorei quando vi), acabou que não foi (quase) nada do que eu esperava.
"É melhor ficar sozinha, ela pensa, do que ficar com alguém que não te enxerga como você é. É melhor liderar do que seguir. É melhor falar do que ficar em silêncio. É melhor abrir portas do que fechá-las na cara das pessoas."
Criei um pouco de expectativas que fosse uma versão de Looking for Alaska pelos livros (aparentemente) terem várias coisas em comum: internato, feminismo (a Alaska, no caso), elementos nerds, pegadinhas etc., mas acabou que esses elementos ficaram muito num segundo plano porque o livro é muito mais focado nos problemas existenciais da Frankie de eu-não-quero-ser-a-princesinha e ela reclama 90% do tempo do modo como ela é vista pelo mundo e principalmente pelo Matthew e os meninos, mas ao mesmo tempo ela não quer perder nenhum deles e se submete em vários aspectos à como eles querem que ela seja e não o que ela realmente quer fazer. Uma coisa: achei esse "feminismo" dela muito furado (no meu conceito) porque ela passa a encarar toda e qualquer coisa que ela veja como machismo, o que achei meio chato.
SIM, o livro tem vários exemplos muito fortes de como os meninos encaram as mulheres no livro como inferiores, fracas, e pior de tudo, sem uma opinião que importe, mas tem alguns casos que se a Frankie parasse um minuto de pensar só em si mesma ela veria que talvez tal e tal ação do Matthew, do Alfa (melhor amigo dele) e dos outros meninos não se deviam ao fato de que ela era mulher e sim que talvez eles queiram um momento só deles sabe, dos amigos que se conhecem a anos, e que o Matthew não é obrigado a levar ela pra cada canto que ele vai só porque eles estão juntos. Eles são muito "bros before hoes", e esse é um aspecto fundamental na história.
O livro é vendido como uma história incrível contemporânea com uma protagonista forte e inteligente que faz a diferença e olha... não. Não achei nada disso, a Frankie é uma pessoa extremamente fraca na minha concepção, além de que ela se acha muito mais do que ela realmente é rs. Ela é sim inteligente e estrategista em vários sentidos mas isso fica enterrado no meio da personalidade entediante dela, e no fato de que ela só vê a si mesma no mundo. O pior, sem dúvidas, é que a Frankie mostra um mundo interior riquíssimo sabe, ela seria muito interessante se botasse pra fora metade do que ela pensa, mas em vez disso ela se submete ao que ela acha que vai fazer o Matthew e o grupo dele enxergarem-na como uma igual, o que não vai acontecer porque (1) ela é desinteressante e (2) eles são machistas e escrotos MESMO, não há nada que ela possa fazer pra mudar isso.
"Frankie gostava da acolhida e da rejeição na mesma medida, porque ambas significavam que ela tinha causado impacto. Ela não era uma pessoa que precisava ser amada tanto quanto era uma pessoa que gostava de ser reconhecida."
Sobre a sociedade secreta deles que deveria ser O PLOT DO SÉCULO, acabou que foi algo extremamente sem graça e eles não fazem realmente nada importante, NADA, apenas quebravam algumas regrinhas de leve, coisa que qualquer pessoa faz no dia a dia e não precisa de uma sociedade pra isso. Não é uma daquelas super fraternidades que as pessoas fazem pactos de sangue sabe, nada disso, é bem coisa de filhinho de papai, como o próprio pai da Frankie diz, um grupo pra que você conheça as pessoas e tenha contatos úteis para o seu futuro.
Minha crítica final é ao modo pelo qual a Frankie acaba interferindo na Leal Ordem, porque achei que seria algo mais revolucionário, que ela passaria a ter um papel mais central no mundo dos meninos (como ela almejava desde a primeira vez que ela encontrou o Alfa oficialmente) e que conseguiria o respeito deles, QUE ELA FARIA ALGUMA DIFERENÇA, mas olha...
A escrita da autora é interessante, gostei do jeito que ela contou a história, mas como os personagens que ela criou são insuportavelmente egoístas e mimadinhos não dá pra gostar da história como um todo. Se ela realmente fez uma tentativa de fazer uma protagonista forte e feminista foi claramente uma tentativa falha e até meio irritante rs. Fora que a Frankie parece se achar tão superior a todo mundo, não só aos meninos, que não consegui gostar dela. O motivo das 3 estrelas em vez de 2 é que é uma escrita gostosa que não dá vontade de largar, e o livro me fez pensar em alguns pontos, não no sentido de pensar apenas para criticar, mas pra refletir sobre algum assunto, então achei uma leitura válida. Dá pra dar uma chance.